terça-feira, 6 de dezembro de 2011

ABANDONO DE CÃES SERÁ ALVO DE CAMPANHA

Prefeitura e concessionária mobilizam-se contra o descarte de animais de estimação em rodovias

LEO GERCHMANN
leo.gerchmann@zerohora.com.br

Integrante de ONG de proteção a animais, Nair adotou cão resgatado pela nora em rodovia de Canoas. Foto de Mauro Vieira

Leia (ou releia), abaixo, passagem de um texto escrito pelo cronista Fabrício Carpinejar em sua coluna de Zero Hora, na edição do dia 29 de novembro.

“Repare na insensibilidade: o dono mente ao seu cachorro que irão passear, para desová-lo no corredor da morte. Calcule o terror do bichinho quando não entende o castigo, e corre uivando, desesperado, atrás de um carro que nunca será mais o seu.”

A repercussão da crônica “Parem de matar cachorros!”, em que Carpinejar fala sobre o ato cruel de descartar animais de estimação à margem de rodovias, surpreendeu o colunista. Além da reprodução nas redes sociais, Carpinejar recebeu, no dia da publicação, mais de 50 mensagens de leitores elogiando o texto e/ou relatando situações similares.

O abandono de animais é um dos casos de maus-tratos citados no artigo 32 da Lei Federal 9.605/98, e pode levar o infrator à detenção de até um ano e multa. A possível punição, no entanto, não coíbe o crescimento da prática nesta época do ano.

Por isso, a Secretaria Especial dos Direitos Animais da prefeitura de Porto Alegre e a Concepa iniciam no dia 7 de janeiro, no pedágio de Gravataí, uma campanha de conscientização contra o abandono de animais. Segundo a concessionária, 32% dos atropelamentos de cães na Freeway ocorrem no trecho Gravataí-Porto Alegre.

– O alerta será importante. Os abandonos ocorrem com mais frequência no verão, quando as pessoas vão para o Litoral – diz a veterinária Márcia Generasca.

A organização da campanha recém se iniciou. É certo que o prefeito José Fortunati e a primeira-dama, Regina Becker, entusiastas da defesa dos animais, estarão no local. Devem ser promovidas atrações como a doação de ração e distribuição de folders.

Presente nas BRs, a Polícia Rodoviária Federal enumera casos de abandono. Os patrulheiros testemunham desde gente que joga o animal pela janela do carro para fugir rapidamente até papeleiros que deixam os bichos durante a madrugada e lhes dão as costas, saindo em marcha batida para não serem identificados ou parados.

Certa vez, os próprios paramédicos da Concepa adotaram uma cachorrinha e a batizaram de Zilda. Confeccionaram até uma roupinha de paramédica para ela. Até que, em um assalto ao pedágio, a mascote foi baleada e morreu. Tempos depois, adotaram outro cão, o Risco Zero. Acostumadas ao trabalho na estrada, são pessoas que conhecem bem o destino trágico dos cãezinhos abandonados à selvageria das estradas.

PRÁTICA CRUEL

O abandono de animais na estrada é comum, mas a reação de quem se comove com a prática é rápida. Na quinta-feira passada, bastou um comentário do apresentador Antonio Carlos Macedo, do programa matutino Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha, para mobilizar um resgate.

Macedo comentou pesaroso o fato de um cãozinho estar abandonado na rodovia Novo Hamburgo-Porto Alegre (BR-116), em Canoas. A auditora Tatiana Feidel, 25 anos, ouviu o apelo e enfrentou a fúria de outros motoristas ao parar seu carro, por volta das 7h, e salvar o bicho nas imediações da Estação Fátima, do trensurb.

– Avistei o cão junto ao muro. Para ele ter chegado ali, só se pulou o muro ou alguém o jogou. Fui xingada pelos outros motoristas – conta Tatiana, que estava indo para o trabalho.

O cão foi doado para a sogra de Tatiana, Nair Schorn, 49 anos, que já toma conta de outros 25. Aparentando entre 10 e 12 anos, o mascote recebeu um nome bem sugestivo.

– O BR está bem e vai ficando aqui comigo – diz Nair, que integra uma ONG de proteção aos animais.

Nas férias

NO HOTEL
Confira dicas para que o seu animal fique bem cuidado nas férias de verão.
- Certifique-se que o local tem veterinário
- Deve exigir vacina dos hóspedes e ter controle parasitário
- Veja se há espaço para o animal se exercitar
- Devem ser deixados os alimentos aos quais o animal está acostumado
- Deixar com os animais os próprio potes de comida, panos e brinquedos

EM CASA
- Fechar portas e janelas
- Ter confiança na pessoa que cuidará do animal
- Orientar que o cuidador mantenha as rotinas de alimentação e passeios
- Deixar telefone de veterinário com o cuidador

NA CASA DE OUTRA PESSOA
- Saber se os donos da casa gostam e são cuidadosos com animais, bem como seus filhos
- Saber se o animal vai aceitar bem a casa onde ficará
- Saber se há outros animais e se eles são receptivos ao hóspede

LEVAR JUNTO
- O animal tem de estar vacinado
- Providenciar malas de transporte para carga viva ou cintos de segurança especiais
- Ter à mão tranquilizantes e medicamentos contra vômitos
- Saber se a casa onde o animal ficará tem espaço adequado
- Manter a rotina do animal
- Dar vermífugo no retorno, especialmente se as férias foram na praia

Fonte: Fonte: Márcia Generasca, veterinária

Publicado no jornal Zero Hora
Geral, p. 28, 06/12/2011
Porto Alegre (RS), Edição N° 16909

6 comentários:

Anônimo disse...

como é que um ser que se diz humano faz isso com uj animal que não sabe se defender? Absurdo!

Lari disse...

Parabéns pela crônica e por motivar pessoas a fazerem coisas bonitas!!continue escrevendo e inspirando!!
Fico feliz quando tenho notícias de pessoas que se sujeitam, se doam a outras criaturas, não tem medo de ajudar!Precisamos de um mundo mais consciente e como precisamos! Ainda fico chocada com fotos e notícias de crueldade aos animais que encontro por aí, é bom ver artigos sobre histórias mais felizes e de recuperação...sempre tem aqueles que se dispõem aos bichos, a quem está ao seu lado :)

Brenda disse...

Parabéns pela crônica!

vervedirlass disse...

Olhei mil vezes para este texto e jurei não ler, pois ainda não me refiz da morte doída e sofrida do meu cão Spyker. Penou meses com câncer que lhe deformou a face e a boca, até não conseguir mais comer e respirar. Mas o pior foi constatar que ele ainda tinha vontade de viver e nos procurava com um olhar que parecia dizer tantas coisas... e mais a veterinária o examinou outras vezes e disse: -ele não fala, mas está sofrendo e eu aconselho a eutanásia. Nessa hora eu me perguntei, será que todos estão certos e eu estou sendo egoísta? Mas não é oque me parecia dizer "aquele olharzinho", quando eu lhe limpava a boca de minuto a minuto, que trocava a água de 30 em 30 minutos. Realmente eu não adimitia pois imaginava todo aquele procedimento e o resultado. Foi horrível eu ter que enganá lo colocando a coleira e entregá lo ao motorista de busca, tudo isso eu fiz soluçando sob seu último olhar... adeus!

conchita disse...

Nao sei com0 nós seres humano nao acordamos até quando meu DEUS....Acho que este mundo ta muito cruel ainda bem que temos pessoas que sao boas e adotam estes amiguinhos.Que SÃO FRANCISCO DE ASSIS proteja a todos os animais.

Carla Sampaio disse...

A minha tão amada Porto Alegre, que deu ao Brasil pessoas como vc e a Fair Soares, está fazendo uma revolução sem precedentes na história brasileira, graças ao trabalho do prefeito José Fortunati e da primeira-dama Regina Becker. Vcs são a primeira cidade do Brasil a proibir o trabalho escravo de cavalos em carroças, a primeira cidade a ter uma secretaria especial de Direito e Defesa Animal... que Deus abençoe essa cidade linda e que ela inspire o restante do Brasil.
Eu amo vcs !!!